Agra, Índia, ano de 1572. Este ano marca o 30º aniversário de Abu'l-Fath Jalal-ud-din Muhammad, popularmente conhecido como Akbar, o Grande. Notáveis e emissários de todo o país estão a caminho para a celebração do seu aniversário. Como um proprietário de terras ambicioso, você não pode deixar passar a oportunidade: as festividades são uma oportunidade de ouro para crescer em "status" e riqueza. É este o cenário do jogo "Agra"! Abu'l-Fath Jalal-ud-din Muhammad, também conhecido como Akbar, o Grande (23 de Novembro de 1542 - 27 de Outubro de 1605), foi o terceiro imperador mogol da Índia /Industão. Era descendente directo da Dinastia Timúrida, filho de Humaium e neto de Babur, fundador da dinastia. No final do seu reinado, em 1605, o império mogol cobria a maior parte do norte da Índia.
Akbar, considerado o maior dos imperadores mogóis, tinha treze anos quando ascendeu ao trono, após a morte de seu pai. Durante o seu reinado, eliminou as ameaças militares dos pastós descendentes de Xer Xá Suri e, na Segunda Batalha de Panipate, derrotou o rei hindu Hemu. Demorou quase duas décadas para consolidar o seu poder e juntar ao seu reino partes do norte e do centro da Índia. O imperador consolidou o seu governo pela diplomacia com a poderosa casta rajput e também por admitir princesas rajapute no seu harém. O reinado de Akbar influenciou significativamente a arte e a cultura na região. Tinha grande interesse por pintura e as paredes dos seus palácios foram adornados com murais. Para além de incentivar o desenvolvimento da escola mogol, também patrocinava o estilo europeu de pintura. Gostava de literatura e tinha várias obras em sânscrito traduzidas para o persa, além de obter muitas obras persas ilustradas por pintores da sua corte. Também encomendou muitas grandes obras de arquitectura e inventou a primeira casa pré-fabricada. Akbar iniciou uma série de debates religiosos, onde eruditos muçulmanos podiam debater questões religiosas com siques, hindus, ateus cārvāka e jesuítas portugueses. Fundou um culto religioso, o Din-i-Ilahi (Divina Fé), que rapidamente se dissolveu após a sua morte. Texto adaptado de informação recolhida na Wikipédia, sem verificação de fontes pela nossa parte.
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Porque é que eu gosto de jogos de tabuleiro?
Por várias razões! Pelos pedaços de cartão, madeira e plástico que resultam numa obra de arte digna de ser apreciada, que gera entretenimento, desafios e memórias. Pelo colecionismo? Também! Pela comunidade? Sim, sem dúvida! Vejo, orgulhosamente, a comunidade a comungar da mesma paixão, a crescer e a unir-se cada vez mais e, por isso mesmo, sinto orgulho em fazer parte dela. Mas, o que me leva a amar este hobby? O que me leva realmente a gostar de jogos de tabuleiro? Creio que para chegarmos lá terei de abrir um pouco do meu espaço pessoal e explicar-vos como cheguei ao hobby e como o hobby se entranhou em mim. Tinha eu 24 anos, recém-licenciado, no meu 1º emprego e comecei a aperceber-me do quanto a vida muda. As responsabilidades, o tempo para tudo o que não implicasse responsabilidades e obrigações e... rotinas. E eu sou um “animal de hábitos”, se uma rotina muda, fico desconfortável e até assustado. E foi isso mesmo que aconteceu, mudaram-se várias rotinas, mas aquela que mais preocupação me causava era o facto de ver cada um dos meus amigos (e eu próprio) a seguir o seu caminho. A vida pós-universitária é dura e nada nos prepara para estas mudanças repentinas, mas o meu dia-a-dia era simples: ir à faculdade, voltar e passar as tardes e até noites com os amigos. Mais do que uma rotina, era uma necessidade! De repente, tudo mudou, os empregos e namoros entram em cena e passo a vê-los semanalmente. Normal... é a vida! Mas, em pouco tempo o que era uma rotina semanal passou a ser esporádica e os amigos de sempre passaram a ver-se em situações especiais, numa bela jantarada a recordar os velhos tempos (que não eram assim tão velhos). Os meses foram passando e nas habituais conversas de almoço com colegas do trabalho, há um que começa a falar do que fez durante o fim-de-semana e relata o serão muito animado que teve a jogar jogos de tabuleiro. Sinceramente? Não estava muito interessado na conversa. Educadamente ouvi e fingi-me interessado. No entanto, mais um fim-de-semana se passara e a conversa era a mesma. O meu estímulo manteve-se... nulo! Esta passou a ser a rotina: a de ouvir um colega de trabalho falar sobre jogos que nunca ouvi falar e, portanto, temas com os quais não me identificava. Certo dia, fez-se um “clique” na minha cabeça. Porque não ir à tal loja de que o meu amigo tanto falara e comprar um jogo, convidar os amigos para o jogar e ver no que dá? E assim foi! Comprei o Talisman, que só foi à mesa meses após a compra e após vários obstáculos a perceber as regras de um jogo tão diferente do que estavamos habituados. Resultado? Sucesso! O entusiasmo partilhado por todos os que jogaram foi tal que começámos a combinar jogatanas no próximo fim-de-semana. E isto sucedeu-se durante meses, em que as noites de sexta e sábado passaram a ser preenchidas desta forma e o mais importante? Juntos! Voltámos a ter algo que nos fizesse estar juntos. Parece ridículo, uma verdadeira amizade não resistir à distância que a vida nos obriga a tomar e, de repente, algo tão “banal” como um jogo de tabuleiro muda tudo novamente? A amizade nunca deixou de existir... a vida simplesmente aconteceu! O que vi ali foi um pretexto para nos continuarmos a ver de forma regular. Porque é que adoro jogos de tabuleiro?
O desafio foi feito sem demoras. Do sul até ao norte à distância de uma mensagem. “Nuno, porque é que gostas de jogos de tabuleiro?”. Demorei uns segundos a aceitar e uns minutos a começar a escrever. Estou de frente para a minha estante de jogos, umas dezenas, comprados no espaço de um ano e pouco. Sou boardgamer da pandemia, se é que essa categoria existe. Sou uma pessoa de listas. É feitio ou defeito depende do ponto de vista. E então nada melhor do que uma lista para mostrar como os jogos de tabuleiro me marcam:
Fica aqui a minha lista. A de outro jogador tem outros pontos certamente, relevantes para ele de acordo com o que valoriza, com a sua experiência, com quem joga. Deixei de fora a experiência com jogadores num âmbito de competições ou reuniões de grupos porque como disse sou um boardgamer da pandemia. Aí certamente vou ter mais pontos para partilhar sobre este grande prazer que sinto. Bons jogos. Ricardo Gomes, o mais bem sucedido representante português em campeonatos internacionais de jogos de tabuleiro, aceitou responder ao nosso desafio: quais os jogos com competições que recomenda? Eis as suas recomendações: Tendo sido um jogador extremamente competitivo, este é um tema que sempre me agradou, daí ter acedido prontamente ao convite recebido; no entanto, em termos competitivos há dois caminhos completamente distintos, o dos jogos multiplayer e o dos jogos a dois jogadores, razão pela qual preparei duas listagens diferentes. Jogos multiplayer Catan Com nacionais, europeus, mundiais e modalidade olímpica MSO Jogo perfeito para competições, dado o nível de interação que gera e o número diferente de valências que é necessário um jogador dominar para poder vencer constantemente. O jogo é sempre diferente e o fator sorte existe, mas é relativo; tem a particularidade de ser o jogo mais jogado à escala internacional e por isso ter todo o tipo de competições, com níveis de organização rigorosos e muito caprichados. Stone Age Modalidade olímpica MSO (em tempos houve mundiais) O meu preferido e o melhor jogo que conheço. Para se ser um bom jogador deste “worker placement”, que tem uma arte e componentes fantásticos, é necessário controlar perfeitamente duas situações de jogo: 1 – Saber jogar nos intervalos da chuva – ou seja, adaptar-se constantemente à evolução do jogo e às escolhas dos adversários, evitando conflitos, colecionando o que eles não querem, bem colecionado. 2 – Saber controlar o apetite, prevendo cada movimentação dos adversários, intervindo no momento certo e evitando uma vez mais o conflito descarado. 7 Wonders Modalidade olímpica MSO Excelente jogo de draft, com uma forte componente estratégica e dedução, aliada à memória, pois, tal como na maior parte dos jogos desta mecânica, é necessário adivinhar o que os outros vão querer para eles, para sabermos quais as cartas que irão regressar à nossa mão mais à frente; se a isto juntarmos uma capacidade de decorar a composição de cada mão que vamos vendo, tudo fica mais fácil. Competitivamente é jogado a 4 ou 5 jogadores, mas funciona bem de 3 a 7 e até é jogável a dois jogadores, embora como variante. Marco Polo Modalidade olímpica MSO Números altos nos dados dão jeito, mas não são imperativos neste “dice placement” assimétrico, onde retirar o máximo proveito das características da nossa personagem é a chave do jogo, ou seja, havendo 8 diferentes, é necessário saber jogar muito bem com 7 para se ser um “globetrotter” de Marco Polo, pois poderemos ter de escolher uma de duas, caso sejamos o último a fazê-lo. Outra dos requisitos fundamentais é saber analisar a distribuição das cartas no tabuleiro, conhecendo as combinações possíveis, pois o panorama muda a cada partida. Ticket to Ride Modalidade olímpica MSO (em tempos houve mundiais) O mais simples dos jogos que aqui estou a indicar, mas com uma profundidade estratégica fantástica, aliada a uma combinação de uma infinidade de fatores, como a leitura do jogo dos adversários, a memória, para sabermos as cartas que têm na mão, e a questão principal: o timing! Neste jogo, o timing é tudo… Em tempos houve mundiais, mas a desqualificação do último campeão mundial, por razões de batotice, parece ter levado a detentora dos direitos a abandonar a ideia. A 2 jogadores Carcassonne Com nacionais, mundiais e modalidade olímpica MSO Apesar de ser um jogo que permite partidas entre 2 a 5 jogadores, quando disputado em competições costuma ser “head-to-head”, por isso aqui o incluo, até porque nas partidas a 2 o jogo transforma-se num duelo matemático, com um potencial de análise estatística e probabilística que chega a parecer um “Xadrez”. Como é o segundo jogo mais popular do planeta, o nível organizativo é já muito apreciável e ser um bom jogador de Carcassonne requer muito treino e estudo. Hive Modalidade olímpica MSO (em tempos houve nacional) Engana com a sua simplicidade, pois é um jogo extremamente estratégico e de fator sorte inexistente. Tem duas estratégias que podem funcionar muito bem, ou muito mal, pois se não forem bem aplicadas, são kamikaze: 1 – Atacar do primeiro ao último instante, praticamente só vendo o objetivo final de circundar a abelha adversária. 2 – Defender do primeiro ao último instante, abdicando completamente do ataque, até que o adversário se “renda” por exaustão e impossibilidade de movimentos, altura em que com poucas jogadas se ataca tudo de uma vez só. Abalone Modalidade olímpica MSO (em tempos houve nacional) Se jogado como vem nas regras do jogo, é uma perda de tempo, pois os jogadores empatam-se uns aos outros quando ambos sabem jogar; por isso é necessário o uso de uma das configurações oficiais de competição para termos um jogo a sério… e que jogo! Quando usado o setup “Belgian Daisy” o jogo fica fluído, permitindo ataques desde a primeira movimentação, o que complica muito a formação da tática da tartaruga (juntar todas as bolas e movimentá-las em bloco unido), que é praticamente invencível se disposta em hexágono, embora não tão forte se triangular. Hoje em dia perde muito para os jogos coloridos, temáticos, com componentes modernos e muito mais versáteis no número de jogadores, que são bem mais apelativos, compreensivelmente. Trench Modalidade olímpica MSO (em tempos houve nacionais) É como que um xadrez, com menos variedade de peças e uma jogabilidade mais simples e rápida, embora igualmente profunda estrategicamente, com a vantagem de já se sentir alguma temática, apesar de ser um jogo abstrato, não só visualmente, mas também na sua essência. Para se ser um bom jogador de Trench é preciso planear com várias jogadas de antecedência e tirar o máximo proveito da trincheira, uma linha que separa os dois territórios, que trás benefícios (capturar em cadeia) e prejuízos (a vulnerabilidade da retaguarda). É o único jogo português desta listagem! Exploradores Modalidade olímpica MSO
Procura ter um pouco de tema e isso ajuda-o a ir à mesa com maior facilidade e a ser um dos jogos mais jogados a 2 jogadores. Tem um fator sorte indissociável (outra razão que atrai mais adeptos) e, por isso, costuma ser jogado à melhor de 3 jogos, apesar de a sorte não ser predominante face à mestria. É um jogo que requer uma adaptação constante e que, em caso de desespero, pode sempre beneficiar do perfil “gambler”, embora grande parte das jogadas seja por natureza feita às cegas e com uma “fezada” num final feliz… A arte das cartas é excecional e o seu tamanho também ajuda a que este já “clássico” não passe de moda. Desta vez colocamos o desafio de sugerir um top 5 de jogos de tabuleiro ao Fábio Lima, responsável pelo projecto Playing Season. E o tema que lançamos foi “set collection”, isto é, jogos cuja mecânica principal encoraje os jogadores a coleccionarem conjuntos de itens. O desafio lançado pelo Carlos era simples, escolher os 5 melhores jogos de Set Collection. Mas como acho que o conceito de “melhor ou pior” é sempre relativo, e eu adoro a ideia de criar colecções, resolvi apresentar 5 bons e diferentes jogos que tenham o set collection como mecânica (ou mecanismo, se preferirem) principal ou complementar. TokaidoEste é o grande culpado pelo despertar de interesse nos jogos de tabuleiro. O bichinho já lá estava, mas foi a arte da capa, as personagens e o tabuleiro que me conquistaram! E por me identificar e gostar da ideia de criar colecções, tudo em Tokaido sempre pareceu muito fluido, diferente e desafiante. A ideia é simples, aqui assumimos o papel de um viajante que percorre o caminho de Quioto até Edo (hoje conhecido como Tóquio), sendo esta uma das cinco rotas mais famosas do Japão e aquela que mais a sul, e junto ao oceano, se encontra. O que importa não é ser o primeiro a chegar ao final, mas sim ser aquele que melhor aproveita a viagem, colecionando memórias de locais (as três panorâmicas), conhecendo novas pessoas (que nos podem dar bónus), comprando relíquias (divididas em quatro tipos) ou saboreando as melhores iguarias. No final existem vários bónus que podemos ganhar, de acordo com as cartas que conseguimos colecionar, tendo sido um dos primeiros jogos a massificar a ideia de que a movimentação não é feita com dados e que irá avançar aquele que mais atrás se encontrar. A rejogabilidade é muito grande, em cartas e habilidades de personagens, mas mesmo assim foram lançadas duas expansões: Crossroads e Matsuri. Vídeo sobre as regras aqui. Designer: Antoine Bauza Artwork: Naiade Editora: Funforge Spirits of the WildSe procuram um jogo exclusivo para 2 pessoas onde o set collection é rei, esta é uma das melhores propostas disponíveis no mercado. Cada jogador tem um tabuleiro à sua frente e cada linha corresponde a um espírito de animal selvagem, com diferentes formas de pontuação, a que devemos tentar agradar. Para isso, temos à nossa disposição cartas de acção que nos permitem ir buscar pedras preciosas, que depois podem ser utilizadas para completar os espaços que nos dão pontos no final da partida. O jogo é simples nas mecânicas, mas torna-se muito estratégico pela luta e bloqueio constante com o nosso adversário. Os componentes são fantástico e o trabalho de ilustração é de se tirar o chapéu. Vídeo Unboxing aqui. Designer: Nick Hayes Artwork: Syd Weiler Editora: Mattel Sushi RollToda a linha de jogos do universo Sushi Go tem o set collection como uma das mecânicas centrais. E depois do sucesso do Sushi Go Party, que introduzia novos personagens e habilidades e ainda aumentava o número de jogadores, surgiu em 2019 a adaptação a dados, com o nome de Sushi Roll. E foi um sucesso imediato em cima da nossa mesa! Quem já conhece Sushi Go vai entrar rapidamente nas mecânicas, onde tentamos criar colecções de diferentes tipos de sushi, com os próprios dados, tendo agora os jogadores de lançar dados e voltar a lançá-los em cada turno, aumentando exponencialmente as probabilidades de saírem (ou não) os tipos de sushi que pretendemos. A par disto, passa a existir uma maior interacção entre os jogadores com a possibilidade de trocarmos (ou roubarmos) dados aos nossos adversários. Vídeo Regras aqui. Designer: Phil Walker-Harding Artwork: Nan Rangsima Editora: Gamewright Istanbul: The Dice GameSe este jogo tivesse sido lançado em 2019, seria certamente um roll & write (mas não esquecer que essa ainda poderá vir a ser uma possibilidade), mas como saiu em 2017 é apenas uma (excelente) adaptação de Istanbul, que venceu em 2014 o prémio alemão Kennerspiel des Jahres (Jogo Complexo do Ano, assim trocado por miúdos). Como em muitas das adaptações de dados, este é um jogo onde temos o set collection como elemento central. E de que forma? Lançando dados, combinando-os, guardando recursos e tentando comprar os diferentes rubis disponíveis no tabuleiro. Uma abordagem muito familiar, mais simples e com alguma estratégia. Vídeo Regras aqui. Designer: Rudiger Dorn Artwork: Andreas Resch Editora: Pegasus Spiele / MEBO Games Harvest IslandUm dos elementos de destaque é, sem sombra de dúvida, a arte dos diferentes componentes. Mas este jogo é muito mais do que uma capa bonita, pois adicionou um elemento estratégico às cartas que nos obriga a cultivar e a colher frutos ao longo das quatro estações do ano. A par disto, iremos ganhar pontos pelo tamanho da nossa plantação (e é aqui que entra a ideia da colecção e risco) e também pelos animais que conseguirmos atrair, funcionando como uma competição entre os jogadores para perceber quem consegue mais e em menor tempo. Mas atenção! As condições meteorológicas podem alterar-se e prejudicar as nossas colheitas. Vídeo Unboxing aqui. Designer: Chih-Fan Chen Artwork: Cinyee Chiu Editora: Big Fun Games / Jumbo Diset Um bónus: |