Richard Ham, mais conhecido pelo nome do seu canal Rahdo, deu-nos o prazer de responder, sob a forma de vídeo, às nossas habituais 5 questões a reviewers de jogos de tabuleiro. Richard Ham, known as Rahdo due to his channel, gave us the pleasure of answering, in the form of a video, to the usual 5 questions that we ask to board game reviewers.
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Regressámos às entrevistas da série de “5 Perguntas” a reviewers de jogos de tabuleiro, desta vez com Micael Sousa, responsável pelo canal Jogos no Tabuleiro.
Como é que começou o teu interesse por jogos de tabuleiro? Sempre joguei desde a infância, aqueles jogos clássicos do mercado de massas. Depois dediquei-me muito mais aos jogos digitais, no entanto, com cerca de 14 anos, comecei a jogar Magic: The Gathering (MTG), algo que continuei a fazer intensamente, mas com algumas interrupções, nos 12 anos seguintes. Foi nesse ambiente que conheci os jogos de tabuleiro modernos, o Catan há cerca de 20 anos. Gradualmente, fui desligando do MTG e dos jogos digitais, até que passei a jogar mais no círculo restrito de amigos e com a esposa, principalmente jogos de tabuleiro modernos de forte pendor estratégico. Em 2009 fui à primeira Leiriacon e o mundo mudou para mim. O que é que valorizas mais num jogo enquanto jogador? Valorizo muitas coisas. Tenho uma extensa ludoteca neste momento, por várias razões. Do ponto de vista do jogador tento ter jogos para vários contextos. Jogos para jogar em ambientes específicos e com determinados jogadores. Tenho jogos para jogar com a família, com as crianças, com a esposa e com alguns amigos que andam nestas andanças há muitos anos também. Depois tenho também jogos que preciso para o meu trabalho, de investigação, de desenvolvimento de novos jogos e de formações e aulas que vou conduzindo no âmbito dos serious games. Mas tendo de me definir, eu diria que gosto de sistemas sólidos de mecânicas, que me proporcionem uma dimensão estratégica e liberdade para a implementar, tendo significado temático sempre que possível. Isto faz com que goste de muitos jogos económicos e de planeamento, mas também de alguns "caixa de areia" (sand box) mais interativos. Gosto de jogos que contem uma história depois de os jogar, sem que a história nos seja imposta e resulte de textos pré-definidos. Também gosto de jogos com boa presença de mesa, os componentes têm sempre a sua importância na experiência, apesar das pessoas serem o elemento mais importante para tudo funcionar. Como é o teu processo de análise e posterior divulgação? Tenho duas linhas de pesquisa de jogos novos: os jogos para jogar e os jogos para usar em contexto de aplicação séria, relacionada com o meu trabalho. Isto obriga-me a abrangência, ao ponto de ter de jogar e estudar, por exemplo, jogos colaborativos que pouco me atraem como jogador, embora lhes reconheça os méritos. Por isso vou pesquisando principalmente no Boardgamegeek mas seguindo também outros produtores e divulgadores de conteúdos que estão sempre em cima do acontecimentos. Depois escolho, com base nessas informações, aqueles que vou jogando e testando. Tento fazer analises segundo uma metodologia mais ou menos informal, mas que resulta das pesquisas que faço na literatura da especialidade. No fundo acabo por divulgar jogos que gosto ou que sinto terem algo de inovador que os faça destacar entre a imensidão de coisas novas que vão saindo. Se te pedem para analisar um jogo de que não gostas, é-te difícil fazer uma crítica negativa sobre ele? Já recusei vários pedidos de análise de jogos, porque sei que não eram o tipo de jogos que eu iria apreciar ou de onde poderia retirar algo que pudesse destacar como positivo tendo em conta a política de conteúdos do meu canal. Penso que temos de ser honestos e se estivermos a fingir isso nota-se depois no vídeo. Tento no canal abordar jogos de maior complexidade, pois são aqueles que tendo a apreciar mais. Faço pontualmente algumas coisas diferentes para tentar abrir mais os conteúdos, no entanto isso tem objetivos intencionais que vão muito para além da mera apresentação de um jogo específico. Assim evito fazer críticas negativas, também porque acho ser absurdo quando criticamos negativamente um jogo só porque não coincide com a nossa preferência. Os perfis de jogadores são imensos, o que não significa que um jogo que não gostamos seja mau jogo. O problema é que tenho pouco tempo para jogar jogos que não gosto. No entanto tento fazer críticas construtivas mesmo dos jogos que aprecio e vou mostrando, tendo acontecido fazer isso em jogos de autores com quem lido regularmente. O meu canal não tem como principal objetivo ser um veículo de divulgação das editoras, embora o possa fazer indiretamente. Acaba por fazer isso em parte, mas apenas quando eu tenho interesse particular no jogo em causa. Não tenho atualmente intenção de transformar o canal num prestador de serviços, num trabalho formal. Pretendo ter prazer ao fazer os vídeos, por isso falo dos jogos que aprecio, mas também do que está para além dos jogos, uma vez que é algo que me tem igualmente apaixonado, esta coisa do meta-jogo e da filosofia dos jogos. Do ponto de vista mais sério vou fazendo outro tipo de conteúdos que se relacionam com o meu trabalho, aí já tem uma maior relação com um serviço que tento proporcionar, mesmo que ninguém o queira consumir pois funciona mais como forma de auto treino e de evolução pessoal. Quais são os maiores desafios que enfrentas na criação de conteúdos? Os desafios são imensos, principalmente a falta de tempo, conhecimento e recursos. O tempo é sempre pouco, tanto para jogar todos os jogos que me interessam como para os jogar na quantidade de vezes que se exige para os poder abordar com algum rigor. Fazer os vídeos e editar o material final dá imenso trabalho, são muitas horas gastas. Do ponto de vista dos recursos faltam sempre coisas. Primeiro falta conhecimento, que para mim acaba por ser também um recurso, pois é preciso ter conhecimento técnico para planear a produção, ter os conteúdos sólidos, editar os vídeos e saber difundir de modo adequando. Tirando a parte da literatura de jogos, eu não tenho formação específica profunda para nada disto, o que me obriga a constante estudo e aprendizagem, a testar e a errar para aprender. Por outro lado, ao fazer as contas dos custos monetários, todos os equipamentos necessários são muito caros. Câmaras, tripés e sistemas de fixação, microfones, iluminação, computadores, armazenamento, software e afins. Somando tudo, as dificuldades são muitas, mas como isto é um hobby e se faz por paixão pelos jogos e a comunidade, ficando um sentimento global de progressão ao fazer, eu diria que o resultado pessoal é positivo e para continuar. As interações com quem nos segue e acompanha conta muito para acumular energia para continuar a fazer conteúdos. Na nossa segunda entrevista da série de “5 Perguntas” a reviewers, continuamos em território nacional e falámos com Fábio Lima, responsável pelo projecto Playing Season. Como é que começou o teu interesse por jogos de tabuleiro? Antes de mais muito obrigado por este convite. O meu interesse pelos jogos de tabuleiro surgiu em 2015, numa altura em que na agência estávamos a fazer um projecto para Macau. Eu estava à procura de referências visuais relacionadas com o oriente e deparei-me com o Tokaido... e foi amor à primeira vista! Para além de toda a componente visual, fascinou-me não existirem dados, a forma como os jogadores se movimentam no tabuleiro e a ideia de existirem vários locais que nos proporcionam diferentes formas de pontuar. E foi aí que se abriu a caixa de Pandora, uma vez que fui procurar outros jogos do Antoine Bauza no BGG e descobri que o mundo dos jogos de tabuleiro era bem maior do que aquele que eu conhecia. Aliou-se a curiosidade ao gosto de jogar (e a descoberta de um novo mercado cheio de potencial)... e puff... nunca mais parou! O que é que valorizas mais num jogo enquanto jogador? Os bons momentos que possam proporcionar! E a parte interessante é que esse conceito varia de jogador para jogador, de grupo para grupo ou de situação para situação. Agora, se me perguntares isso enquanto membro do Playing Season, aí terei outras respostas e que incluem uma abordagem mais técnica ao nível da construção e encadeamento de bons mecanismos, arte e produção. Como é o teu processo de análise e posterior divulgação? Primeiro, é muito importante conhecer o mercado, ou seja, jogar muito, acompanhar as novidades, saber o que são os mecanismos de um jogo, perceber os processos de criação do autor e das editoras, etc. É esta pesquisa, muitas vezes invisível para quem nos segue, mas que muito trabalho dá, que te traz bases para formulares opiniões sólidas, claras e justificadas. Depois, e olhando para cada jogo em concreto, só consigo fazer uma boa análise se tiver jogado o jogo! E não basta jogar uma vez ou com apenas um certo grupo de pessoas, pois diferentes contextos podem proporcionar diferentes experiências... e tudo isso são elementos relevantes para a análise que é feita. Por fim, todas as minhas análises, divulgados nos meus vídeos de review, são sempre sinceras e fundamentadas, até porque o que para mim pode ser um ponto positivo, para outro jogador pode ser um ponto negativo. E vice versa! Se te pedem para analisar um jogo de que não gostas, é-te difícil fazer uma crítica negativa sobre ele? Como referi, as minhas reviews são sempre sinceras! Portanto, se não gosto de um jogo, como já aconteceu, eu explico o porquê! E não me é, nem pode ser, difícil fazê-lo, até porque quem segue o Playing Season espera também essa honestidade e isenção, sem medos e com todo o respeito pelo trabalho desenvolvido. Nunca recebi de nenhuma editora o pedido para fazer uma análise aos seus jogos, penso que é daí que vem esta tua questão. As parcerias que estabeleço (que correspondem a menos de 10% do total de jogos já analisados e apresentados no canal) estão relacionadas com a criação de conteúdos que mostrem o jogo, sendo as reviews algo extra, que nunca me são pedidas, mas que eu crio para quem segue o canal. E as editoras sabem que é essa a minha linha e postura! Se não se quiserem sujeitar a essa análise, a parceria não avança. Em suma, se um produtor de conteúdos tiver problemas em fazer uma review honesta e fundamentada com medo de perder parcerias, é porque não está a fazer bem o seu trabalho e nem está no projecto pelos motivos certos! O mesmo se aplica às editoras, se tiverem receios em receber essa crítica é porque também não confiam e não têm um jogo preparado para este mercado global. Quais são os maiores desafios que enfrentas na criação de conteúdos? Eu acho que o maior desafio é não se valorizar o conteúdo feito em Portugal, principalmente pelos próprios portugueses. Quando comecei, em 2016, ouvi muitas vezes que "este é um caminho sem futuro", que "o que é feito lá fora é que é bom", que "ninguém vê unboxings", etc! A verdade é que, 4 anos depois, este é um caminho em crescimento onde se faz cada vez mais e melhor, com cada vez mais seguidores. O conteúdo português é muito bom e é feito com paixão! Nenhum produtor de conteúdos faz este trabalho em full time e somos muitas vezes criticados por não termos a qualidade técnica (ou a quantidade e tipologia de conteúdos) de canais como o Dice Tower ou o Watch it Played. Mas, sejamos sinceros, lá fora os projectos são financiados com gosto pelos seguidores (o que permite a compra de material e dedicação exclusiva a este hobby), algo que dificilmente acontecerá nos próximos anos em Portugal. Portanto, cada um de nós usa o seu tempo livre para falar, da forma que melhor sabe e consegue, sobre jogos de tabuleiro. E se quiserem ajudar o mercado a crescer, passem também a seguir e a apoiar o que é feito pelos Portugueses. Só juntos é que tudo fará mais sentido! Iniciamos uma nova série de entrevistas no nosso formato “5 Perguntas”, procurando fornecer visões diferentes sobre o mundo dos jogos de tabuleiro. Desta vez, damos a palavra a produtores de conteúdos, mas concretamente “reviewers”. E começamos em português e da melhor forma, dando voz a João Pimentel, do canal É a Tua Vez.
Como é que começou o teu interesse por jogos de tabuleiro? Desde miúdo que tenho paixão pelos jogos matemáticos e, por inerência, a paixão pelos jogos de tabuleiro. Foi a partir de um colega de trabalho que há 12 anos sabendo do meu gosto pelos jogos, me emprestou uns jogos da grande colecção que ele já tinha na altura. A partir daí nunca mais acabou o afinco a este hobby. Já tenho mais de 200 jogos e por vezes preciso de um grande controlo para não adquirir mais. O que é que valorizas mais num jogo enquanto jogador? Num jogo existem vários factores que me chamam a atenção, mas aquilo que mais me desperta a atenção são as mecânicas desse jogo. Toda essa engrenagem que faz com que nos obrigue a pensar e arranjar estratégias para conseguir uma maior optimização do que nos é proposto. Naturalmente que a arte do jogo também tem alguma influência , pois os "olhos também comem". Como é o teu processo de análise e posterior divulgação? Não faço grande análise, pois tenho como principal objectivo divulgar o que é feito no nosso país e editado em Português. Sempre que me surge uma novidade editada no nosso país e em Português tento ter acesso a esse "novo" jogo para o poder divulgar. Claro que se correm riscos e não agradar a toda a gente, mas o objectivo é mesmo a sua divulgação. Se te pedem para analisar um jogo de que não gostas, é-te difícil fazer uma crítica negativa sobre ele? Sou um pouco "terra-a-terra" e não faço favores, se eventualmente um jogo tem defeitos, manifestá-los-ei sem qualquer problema, a honestidade faz parte de mim. Uma critica quando é bem feita até pode ajudar o seu editor/autor a futuramente melhorar a sua obra. Por isso para mim não é difícil criticar negativamente, na perspectiva que estamos a dar a nossa opinião. Quais são os maiores desafios que enfrentas na criação de conteúdos? O tempo. Devido a minha profissão , técnico de informática, e de regularmente estar em serviço quase permanente roubam-me muito tempo para poder fazer mais conteúdos e até com mais qualidade e diversidade. No principio não foi fácil , pois eu gosto do pormenor, de fazer algo que seja diferente e dinâmico, tenho a preocupação de usar sempre várias câmaras e isso implica sempre alguma preparação. Um pormenor que eu gosto sempre de falar é que tendo eu um canal de youtube mas a viver numa zona onde a internet é lenta, obriga-me muitas vezes a produzir os vídeos em casa e depois deslocar-me para a cidade de Portalegre para aí usar a ligação de fibra e rapidamente colocar os vídeos on-line. |